A Cidade Tiradentes, no extremo Leste de São Paulo, é o bairro com o metro quadrado mais barato de São Paulo, segundo levantamento do índice FipeZap com base nos valores do final do ano passado. Ele custa em média R$ 2.701, uma diferença de R$ 14 mil em relação ao metro quadrado mais caro da metrópole, a Vila Nova Conceição, na zona Sul, onde a média é de R$ 16.752.
Em porcentagem, o m² da Cidade Tiradentes representa 16,12% do preço do mesmo tamanho na Vila Nova Conceição. A tendência, assim, é que um imóvel na região mais cara custe 520% a mais do que na região da Zona Leste paulistana.
A Cidade Tiradentes tem uma diferença de mais de R$ 1 mil para o segundo bairro mais barato de São Paulo: Artur Alvim, também na Zona Leste, onde o m² custa em média R$ 3.796. Em seguida, estão Cidade A. E. Carvalho, ainda na Zona Leste, cujo metro quadrado custa R$ 3.883, Grajaú, na Zona Sul (R$ 3.988) e São Miguel Paulista (R$ 4.101).
Entre os cinco mais caros de São Paulo, além da Vila Nova Conceição, estão o Jardim Paulistano (R$ 15.314), o Jardim Europa (R$ 15.158), o Itaim (R$ 13.787) e a Vila Olímpia (R$ 12.941), todos na Zona Sul.
Os preços ainda são baratos levando em conta o preço praticado por metrópoles mundiais, como Paris, na França, cujo m² mais caro, a Montaigne Avenue, custa US$ 26 mil (R$ 86 mil), ou Nova York, nos EUA, onde um metro quadrado na Quinta Avenida vale US$ 28 mil (R$ 90 mil).
"A variação de preços é muito influenciada pela busca de imóveis e pelo valor das áreas. O metro quadrado valoriza e desvaloriza conforme a demanda, mas a tendência agora é se estabilizar. A velocidade das mudanças tende a ser menor a partir de agora.", diz Guilherme Blumer, consultor da agência Brasil Brokers.
O Índice FipeZap ainda mostra o preço médio dos metros quadrados de algumas capitais brasileiras: No Rio de Janeiro, os bairros mais baratos são Cavalcanti (R$ 2.266), Pavuna (R$ 2.416) e Coelho Neto (R$ 2.491), na Zona Norte, e Senador Camará (R$ 2.506) e Inhoaíba (R$ 2.684), na Zona Oeste.
Levando em conta os bairros mais caros, a diferença entre um apartamento em Cavalcanti e no Leblon, na Zona Sul, é de R$ 18.746. O preço do m² quadrado no bairro da Zona Norte representa apenas 10,7% do mesmo tamanho de área útil de um imóvel na parte sul carioca. A diferença entre os dois é de 827%.
O Leblon, vale dizer, é o bairro mais caro do Brasil, cujo metro quadrado médio custa R$ 21.012. Ali, moram políticos como o governador do estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e o senador Lindbergh Farias, artistas como os cantores Chico Buarque, Ney Matogrosso e Fagner, além de jogadores de futebol, jornalistas e intelectuais. Não à toa, a praia do Leblon está constantemente repleta de paparazzis.
Em Belo Horizonte, os bairros mais baratos são Conjunto Califórnia (R$ 2.990), Minaslândia (R$ 2.943), Solar do Barreiro (R$ 2.766), Serra Verde (R$ 2.718) e Vale do Jatobá (R$ 2.288) - todos entre as regiões Norte e Noroeste da capital mineira, na divisa com as cidades da região metropolitana.
Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, os bairros mais baratos são a Restinga (R$ 2.754), na Zona Sul, a Lomba do Pinheiro (R$ 3.294), na Zona Leste, o Rubem Berta (R$ 3.315) e o Navegantes (R$ 3.509), na Zona Norte, e a Vila Nova (R$ 3.678), também na Zona Sul. Abaixo, há uma tabela de outras capitais brasileiras.
"O uso da terra, na cidade, é sempre associado a uma localização, o que faz com que seja possível falar em um conceito de ‘uso-localização’. Isso faz com que as empresas tenham preferências localizacionais, assim como os indivíduos, como é o caso de empreendimentos que pagam mais por espaços com maior fluxo de pessoas”, diz o professor Eduardo Marques, do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da Universidade de São Paulo (USP).
"Os incorporadores são criadores de ‘usos-locais’. Para eles, o espaço é absolutamente central, porque é ele que produz localização. Por isso, o campo de estudos urbanos pesquisou tanto esse tipo de capital: ele é capaz de grandes processos de transformação da cidade”, completa.
Preços dos imóveis estão estáveis em 2018
De acordo com o índice FipeZap, março manteve a estabilidade no valor dos imóveis em 20 das principais cidades do país, com um recuo irrelevante de 0,02%. Considerando a inflação de 0,09% em março, segundo o IBGE, a queda real no preço de venda de imóveis residenciais foi de 0,10%. Com base nos três primeiros meses de relativa estabilidade nos preços nominais, o índice acumula queda real de 0,84% em 2018.
Nove das 20 cidades pesquisadas apresentaram queda nominal no preço médio, com destaque para Distrito Federal (-0,47%), Goiânia (-0,28%) e Rio de Janeiro (-0,26%). Já entre as 11 cidades que registraram aumento de preço no período, as maiores variações foram observadas em Vila Velha (0,55%), São Caetano do Sul (0,45%) e Florianópolis (0,30%).
Considerando os últimos 12 meses, o índice aponta recuo (-0,70%) no preço médio dos imóveis residenciais. Nesse intervalo de tempo, oito das 20 cidades pesquisadas acumulam queda nominal no preço de venda, destacando-se: Rio de Janeiro (-4,91%), Distrito Federal (-3,22%) e Niterói (-2,18%).
Bairros mais baratos de algumas cidades brasileiras
São Paulo
São Miguel Paulista – R$ 4.101
Grajaú – R$ 3.988
Cidade A. E. Carvalho – R$ 3.883
Artur Alvim – R$ 3.796
Cidade Tiradentes – R$ 2.701
Rio de Janeiro
Inhoaíba – R$ 2.684
Senador Camará – R$ 2.506
Coelho Neto – R$ 2.491
Pavuna – R$ 2.416
Cavalcanti – R$ 2.266
Porto Alegre
Vila Nova – R$ 3.678
Navegantes – R$ 3.509
Rubem Berta – R$ 3.315
Lomba do Pinheiro – R$ 3.294
Restinga – R$ 2.754
Curitiba
Barreirinha – R$ 3.307
Sítio Cercado – R$ 3.298
Cachoeira – R$ 3.018
Tatuquara – R$ 2.980
Campo de Santana – R$ 2.971
Florianópolis
Capoeiras – R$ 4.195
Ingleses – R$ 4.166
Carianos – R$ 4.148
Vargem do Bom – R$ 3.674
Rio Vermelho – R$ 2.210
Recife
Boa Vista – R$ 4.280
Cordeiro – R$ 4.241
Várzea – R$ 4.211
Iputinga – R$ 3.825
Derby – R$ 3.637
Fortaleza
Montese – R$ 3.064
Mondubim (Sede) – R$ 2.980
Cajazeiras – R$ 2.972
Prefeito José Walter – R$ 2.917
Vicente Pinzon – R$ 2.686